É um facto que quase todas as mulheres têm algum tipo de medo ou tensão quando pensa no parto. Vamos ver o efeito que esse medo provoca no trabalho de parto.
Como estamos programadas para a sobrevivência humana há milhares de anos, perante um eventual cenário de ameaça, respondemos involuntariamente com o Modo de Sobrevivência. Por exemplo, quando nos sentimos num ambiente estranho ou com algum receio. O nosso corpo interpreta como uma possível ameaça e ativa, involuntariamente, o sistema de sobrevivência.
Pode nem ser uma ameaça real, basta um pensamento, uma imagem, algo que leve o Neocórtex a avaliar um cenário de eventual perigo. É o suficiente para despoletar tensão e entrar, involuntariamente, neste sistema.
Como toda a tua vida te disseram que o parto era perigoso, esta ameaça está enraizada no teu subconsciente e manifesta-se ainda mais na altura do parto.
Neste modo, o coração bate mais rápido, libertas Adrenalina e ativas o Sistema de Sobrevivência, de forma completamente automática.
Com medo, o corpo prepara-se para se defender. Envia o sangue para as extremidades e prepara os braços e pernas para fugir ou combater.
Chamamos a este modo: Gelar – Combater – Fugir.
Este processo é completamente involuntário e improdutivo no parto pois não fomos desenhadas para parir numa situação de perigo.
Além disso, precisamos da irrigação sanguínea no útero, e não noutras zonas do corpo.
O nosso corpo está preparado para o nascimento sem sofrimento, mas quando este processo acontece, privamos os músculos da sua energia provocando cansaço e dor. Sim, dor. E quando sentimos dor, ficamos com medo, gerando mais tensão e quanto mais tensão, mais dor.
E assim se instala o famoso círculo vicioso Medo – Tensão – Dor.
Recordo que os músculos do útero precisam para funcionar bem de:
– Hidratação e energia (líquidos e alimentação)
– Boa oxigenação (quando tens medo, respiras mal)
– Boa irrigação sanguínea (neste estado o sangue é enviado para as extremidades)
– Flexibilidade (quando estás em tensão, ficas contraída)
Este é o principal responsável pelo sofrimento de tantas mulheres, pois o útero tem pouquíssimos recetores de dor e é o cérebro que decide se os sinais indicam perigo ou não.
Faz o exercício deste vídeo e entende, no teu próprio corpo, o efeito do medo em trabalho de parto. Não te limites a ver, faz mesmo!
Imagem: fonte www.bellybelly.com.au/